terça-feira, agosto 12, 2003

ASTROLOGIA VIVENCIAL NA SIC MULHER

Os programas que se dedicam ao debate da astrologia na televisão portuguesa são pensados como um meio de promover essa arte e não com a intenção de informar ou responder a perguntas básicas. São monólogos alternados com a cumplicidade da apresentadora (normalmente é uma apresentadora) que respondem ao que ela acha que o público está à  espera de ouvir.
As respostas tais como nos horóscopos são tão vagas e tão subjectivas que dificilmente podem ser contestadas. Chegam até a fazer sentido.
Quando alguém tem a infelicidade de argumentar contra logo é desvalorizado e humilhado com o rótulo de ignorante.
Diz a a astróloga de serviço na SIC MULHER que os planetas estão dentro de nós. O que é que isto significa? Colam-se a um discurso lógico e científico quando isso lhes é conveninete e depois saem-se com disparates destes a vulso?
A astróloga de serviço desta vez chama-se Conceição Espada e revela-nos que veio de um meio muito racional e cientí­fico e que foi difí­cil vencer o preconceito. Ficou-se a saber desta maneira directa que os meios racionais e científicos são meios preconceituosos. Aposto que não sabiam desta.
O programa terminou há poucos instantes com a divulgação de uma sondagem feita durante o o mesmo sobre o tema que tem estado em discussão. Como os resultados não foram muito positivos para a astróloga a apresentadora (Margarida Pinto Correia) lembrou aos menos atentos que muitos telespectadores votaram antes de ouvirem o programa todo como que a dizer que ainda não tinham sido esclarecidos. Quem não acredita na coisa não pode ser muito esclarecido não é? E assim terminou mais um programa de astrologia da televisão portuguesa.
Isto de convidar astrólogos é muito mais interessante que astrónomos. Os astrólogos vão a festas, vestem-se bem, têm casas grandes, têm bons carros. Os astrónomos são muito chatos, são arrogantes e preconceituosos (são preconceituosos porque são de meios científicos e racionais), só falam do que sabem, não dão consultas, vivem fechados nos seus telescópios e à  frente de computadores. Que chatice!

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