quinta-feira, julho 06, 2006

A ARGENTINA, O BRASIL E PORQUE NÃO O JOGO DE ONTEM

(Dublin) Para quem não sabe, o Jornal Olé é um jornal argentino. Esta é uma folha do Jornal Olé. A merda amarela é como o jornal da Argentina se refere à selecção do Brasil. É um jornal. Eu também me sentiria ofendido se um jornal espanhol usasse semelhante vocabulário para descrever a selecção portuguesa ou que se referisse a Portugal associando esse tipo de palavras. Percebo perfeitamente que do Brasil a reacção seja violenta e que os brasileiros celebrem na rua as derrotas da Argentina.
Agora o jogo de ontem entre a França e Portugal. A grande penalidade contra Portugal fabricada ou não pelo Henry foi evidente e se foi fabricada pelo Henry mérito dele, parabéns para ele. Portugal não jogou melhor que a França ontem e isso também foi evidente assim como foi evidente a França também não jogar melhor que Portugal. Foi um jogo muito equilibrado e decidido num momento. Foi um erro que custou caro como todos os erros a este nível.
Parem por favor de se lamentarem contra uma possível maldição portuguesa vinda de França ou de um árbitro qualquer uruguaio. Parem por favor porque isso é ridículo. O facto é que só começamos a aparecer regularmente em competições internacionais seniores há dez anos atrás, no Europeu de Futebol de 1996 realizado na Inglaterra (lembram-se da música Football is coming home?). Desde essa altura a nossa participação tem sido regular e também regularmente boa. Começamos a achar, no entanto, tal como a maioria dos brasileiros erradamente pensa em relação aos desportistas deles que o normal é ganhar e ganhar sempre só que a realidade é bem diferente e oposta. O normal é não ganhar. É normal não ganhar. Precisamos de perder muitas vezes para ganhar poucas. Isso é que muitas vezes não conseguimos perceber. Países como Brasil, Itália, Alemanha, que têm vários títulos mundiais de futebol têm um histórico de participações constantes e consecutivas em campeonatos do mundo. Não começaram há dez anos o seu histórico. Então vamos com calma. Talvez daqui a dez anos se continuarmos a participar constantemente e com o nível a que temos participado apareçam títulos. Talvez, porque é um jogo e é um pouco imprevisível. Talvez não se possa prever ao certo mas de certeza que aparecem a não ser que sejamos uma Espanha da vida que é sempre favorita mas fica sempre nas primeiras fases ou pouco mais.
E mais uma coisa, os franceses são arrogantes? São, mas se calhar têm razões para ser arrogantes, nós não. É sempre difícil chegar lá cima mas é um esforço que tem de ser feito para amanhã sermos os que têm razões para ser arrogantes mas não são.

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