quinta-feira, outubro 11, 2007

A CULTURA DO AUTOMÓVEL

(Lisboa) Segunda-feira e em visita a um importante centro de engenharia e investigação em Portugal reparei num pormenor que me deixou mais uma vez a pensar nas prioridades das nossas comunidades. Em toda vizinhança desse centro que fica bem pertinho de Lisboa não existem espaços para circulação de pessoas. As bermas da estrada têm rails de protecção. Mesmo assim onde não existe essa estrutura os carros ocupam o espaço. Curiosamente também existem paragens de autocarro mas para lá chegar é uma volta dos diabos. A Câmara da Amadora, com muito sentido de humor inclusivamente colocou na zona uma placa com as palavras melhore a sua qualidade de vida, use os transportes públicos. Onde estão os transportes públicos? Como se chega à paragem dos autocarros? Para onde vão esses transportes públicos? Servem para alguma coisa?

Este é um centro que emprega muitos engenheiros portugueses. Muitos deles em início de vida profissional ainda têm de ter um encargo quase, para quem ali trabalha, obrigatório: o carro. Portugal é um país difícil para toda a gente. Muitos deles ainda vivem em casa dos pais. Compreensível, vejam lá as condições: em Portugal ganha-se muito mal mesmo que se tenha qualificações (em geral) se ainda temos de ser quase obrigados a ter um carro no início da nossa vida profissional a coisa complica-se. Prioridades! Não admira por tanto que encontre pessoas com papeis de parede no seu PC com a imagem do seu carro. O carro torna-se assim numa entidade a quem se venera a nossa liberdade. Que lindo não é?

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