domingo, julho 25, 2010

SOPA DE SALMÃO

HELSÍNQUIA - FINLÂNDIA
(Helsínquia) Sopa de Salmão foi o que eu comi aqui. Os restaurantes tradicionais de qualquer sítio são caros e na Finlândia não poderia ser diferente mas há pratos que nem se nota a diferença para uma pizzaria ou para um restaurante mais normal. Mas cuidado, é fácil chegar aos sessenta ou mais euros por pessoa, só o prato e a bebidinha, sem contar com a sobremesa ou as entradas. O básico. No balanço final, vale a pena fazê-lo, nem que seja uma vez, afinal de contas comer tradicional é como viajar pelo país.

A opção que escolhi nem era cara, eram treze euros por uma sopa. Não é caro, por uma sopa saborosa de salmão. O ser caro ou barato é sempre subjetivo.

Escrevi há dias que os finlandeses almoçam cedo mas este restaurante só abriu às duas horas da tarde. Quando passei por ele da primeira vez parecia que estava fechado nesse dia. Achei estranho estar fechado àquela hora. Na imagem as mesas ainda estão para fora, o toldo ainda está recolhido. Estava sol com nuvens e começou a chover. O empregado recolheu as mesas e abriu o toldo. Perguntei-lhe se poderia sentar-me numa das mesas que estava cá fora. Respondeu-me agastado que não, estava a chover. Não estava a chover assim tanto e o lugar que lhe indiquei estava protegido pelo toldo mas não queria testar a sua ira ainda que despropositada pois é normal com estas temperaturas que se fazem sentir por aqui querer ficar na rua. Esta rua que não é uma rua qualquer em Helsínquia, nem sequer é uma rua, é uma avenida conhecida como Esplanadi. É uma esplanada. Todas as cadeiras estão viradas para que se veja quem passa. As pessoas ficam voltadas a ver os carros passar e as outras pessoas também enquanto bebem a sua cerveja ou outra bebida.

Estava já conformado em ficar no interior quando uma americana reformada disse you can stay here if you want. Lembrei-me das sábias palavras da minha mãe quando era pequeno. A popular frase que todas as mães dizem aos filhos: não te metas com estranhos. Há umas variantes também: não deixes que estranhos se metam contigo. Pois é mas quem eram os nossos amigos no dia em que os vimos pela primeira vez? Não eram estranhos também? As regras existem mas também existem as exceções. E a minha mãe já não me diz isto há mais de uma década e meia. Nem sei porque me lembrei disso. Como eu não gosto de almoçar sozinho nada poderia ser pior e depois seria muito rude dizer não, eu prefiro ir lá para dentro. Depois do if you don't mind sentei-me e até passei uma hora agradável.

As mulheres desta idade na américa devem ser todas republicanas e todas mulheres de ex-militares que aproveitaram o fato dos respectivos estarem deslocados em sítios interessantes para irem também conhecer esses sítios interessantes. Segundo ela Obama não vai ser reeleito. Descobri que os mechicanos estão a dar cabo da América. Antigamente os imigrantes iam para lá para trabalhar como o pai dela, que saiu da Finlândia em 1939 porque aqui por vezes nem comida tinha para se alimentar. Hoje os imigrantes, segundo ela, vivem da economia paralela e das ajudas do Estado. Trabalhar, acho que ninguém hoje quer trabalhar, as pessoas querem um emprego qualquer que lhes garanta um bom rendimento ao final do mês para poderem comprar um bom televisor ou um telemóvel da moda. Muito pouca gente se sente feliz por trabalhar e produzir mais e melhor embora passem muitas horas no seus empregos e orgulhem-se disso.

E a economia nos EUA como está? Mal, disse-me ela sem hesitar. Sem emprego como as pessoas vão pagar os seus cartões de crédito e comer? Podem comê-los, pensei eu. Bebem água e comem os cartões de crédito e os extratos também têm muita fibra. No final não encontrámos solução para os problemas do mundo, despedimo-nos até nunca mais e cada um seguiu o seu caminho.

Descobri que ela também tinha um broker. Todos os americanos têm um. É uma espécie de intermediário para quem compra e vende ações. É uma espécie de conselheiro que explica a alguém porque deve comprar isto ou aquilo. Eu achei o máximo. O que vem nos livros é mesmo verdade.

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