terça-feira, julho 03, 2012

SALVEM AS FREGUESIAS


(Lisboa) O título que coloquei também poderia estar inscrito num cartaz. Nasci numa freguesia, vivi em outras. Nunca tive este sentimento clubístico pelas freguesias. Sempre preferi pensar ao contrário em relação a estes temas. Antes de pertencer a uma freguesia pertenço a uma cidade e antes disso, ainda pertenço a uma região e mesmo antes disso, a um país. Lembro-me, quando comprei a minha primeira propriedade, a senhora do cartório dizer-me, depois de assinar as montanhas de papeis que normalmente são necessárias assinar para fazer alguma coisa em Portugal, bem vindos à freguesia do Lumiar, eu também moro no Lumiar. Fiquei com a ideia que teria de lhe dar os parabéns mas fiquei calado. É bom morar no Lumiar, tem algumas áreas verdes, não tenho ninguém à minha frente (mas nem toda a gente tem a mesma sorte por aqui) , tem transportes razoáveis.

A verdade é que a freguesia não é do povo como está escrito no cartaz. O povo é que é da freguesia. A freguesia é uma divisão administrativa feita num determinado contexto que entretanto mudou. O fim da freguesia não significa mais nada do que isso. As pessoas vão poder continuar a se associar como quiserem. Podem manter os seus bairros como quiserem. As festas podem continuar e os eventos culturais também. Ninguém mata identidade de ninguém só porque muda a freguesia. Eu nunca soube onde termina a freguesia de São Pedro e começava a Sé, no Funchal, por exemplo. Não sabia e nem tinha muita vontade de o saber. Para quê?

Há uma Plataforma Nacional Contra a Extinção de Freguesias que é mais uma força ou lobby a puxar para que tudo fique na mesma. Se tudo fica na mesma significa que tudo está bem. Eles só não acham que cada português deveria ter a sua freguesia porque fica mal.

1 comentário:

Jingas disse...

Também nunca consegui descobrir as "fronteiras" das freguesias do Funchal.

Quanto a Lisboa, até concordo com a reorganização dentro do mesmo concelho.