(Lisboa) Quando a minha mãe nasceu, existiam 2.268.766.071[1] pessoas. Esse número não só parece grande como é. É muita gente. Quando Pedro Alvares Cabral descobriu o Brasil, no planeta, viviam apenas 500 milhões. Isso foi há quinhentos anos atrás e nessa altura o sonho de consumo de qualquer pessoa não era ter um carro da moda, um telemóvel da moda, viver numa casa da moda, visitar destinos da moda nas férias e publicar no Facebook as fotos de vaidade.
Quando eu nasci, umas décadas depois a população mundial já tinha quase duplicado para uns 4.381.836.083. Depois passei pelo Auxílio Maternal entretanto atravessado pela cota 40. Quando entrei pela primeira vez na Escola Masculina da Carreira que já não era só masculina e sentei-me a ouvir o professor Brás o mundo tinha engordado em tamanho o número de pessoas que existia em 1500. Fizeram uma viagem no tempo e descarregaram quinhentos milhões nesse espaço de tempo.
Estava eu jogar basquete no alcatrão dos Salesianos do Funchal e já éramos, no Mundo, 5.237.325.740 pessoas. Ayrton Senna morreu, passei pela Escola Industrial do Funchal e entrei na Faculdade. O sonho de qualquer pessoa normal da minha geração. Tirar um curso e achar que isso daria direito a um emprego bem pago, cheio de regalias era a realidade durante muitos anos. Nessa altura já éramos quase seis mil milhões de pessoas. Foi acima dessa barreira que o milénio e século mudaram. No final de 2011 a barreira dos sete mil milhões foi também ultrapassada. E continuamos a crescer em número.
Ao mesmo tempo e ainda bem cada vez mais pessoas vivem melhor, têm água e esgotos, têm eletricidade em casa, sonham comprar um carrão e conseguem, têm mais do que um telemóvel, conseguem ter ar condicionado em casa, compram aquecedores novos no Inverno e adoram ir de fim de semana para bem longe de casa de carro ou de avião. Cada vez mais pessoas sofrem de Affluenza também. Curioso que a expressão ainda não aparece na wikipedia em português. Está lá em espanhol e polaco mas português que é bom, nada.
O mundo não mudou hoje nem está a mudar agora. Sempre mudou, sempre esteve em transformação e os próximos anos são de grandes mudanças também. O título deste artigo é o título de um livro que fala dos novos desafios, da nova era.
Referências
[1] - http://www.bbc.co.uk/news/world-15391515
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